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Como construir cidades inteligentes – e baratas

O grande risco da inovação urbana é construir bolhas inacessíveis à maior parte da população

Luiz Gustavo Pacete
6 de abril de 2018 - 14h02

Discutir cidades inteligentes e funcionais está na pauta. O risco da superficialidade e da criação de bolhas em relação a esse assunto, no entanto, é alto. De acordo com o urbanista Washington Fajardo, que participou de um dos painéis da Rio2C sobre o tema, não adianta falar sobre cidades conectadas que atendam apenas a pessoas de um grupo social restrito. “É perigoso pensar as novas dinâmicas das nossas cidades somente sobre o aspecto tecnológico. O fator humano, histórico e cultural deve estar presente na aplicação de tecnologia”, ressalta.

Tecnologia deve baratear e não encarecer uma cidade (crédito: divulgação)

Fajardo apontou que, historicamente, as cidades sempre tiveram fetiches por tecnologia. Dos aquedutos passando pelos bondes ou aos sistemas de saneamento, todo o avanço urbano se deve à aplicação de inovação. “As cidades, como expressões coletivas em sua essência só existem por que é a partir delas que as inovações se moldam”. Ele ressaltou os principais aspectos que farão das cidades do futuro, e do presente, locais voltados à inclusão e não à segregação. “Caminhamos para cidades de 100 milhões de habitantes e como será esse mundo se o fator humano não estiver no centro? ”

Trazer dados para o desenho urbano
Muito se discute a aplicação de big data para resolver problemas de trânsito e segurança. O desafio, no entanto, é que os dados componham os desenhos e estruturas das cidades. Da sua concepção, aos novos projetos arquitetônicos, aos formatos de moradias populares, contar com dados na composição é relevante e necessário.

Informação como infraestrutura
Em complemento à discussão sobre o uso de dados, informação deve ser cada vez mais vista como infraestrutura. As cidades que melhor captarem e modelarem suas informações terão mais recursos para corrigir problemas sejam eles de trânsito, saúde ou segurança.

Robótica para baratear construções
Drones e robôs podem (já são) aliados para baratear construções e impedir o alto custo de moradia. O papel da robótica na construção civil vai além do operacional, mas ele também se aplica no desenvolvimento de projetos arquitetônicos.

Destruindo bolhas
No fim, todos os itens anteriores visam reduzir os custos de uma cidade e romper bolhas. Cidades acessíveis não podem ser somente para pessoas que já possuem acesso à tecnologia. O conceito de cidade inteligente é aplicado, principalmente, quando a inteligência é para a pessoa independente do dinheiro que ela possui.

Resgate dos aspectos humanos
Tecnologia é importante, mas antes de aplica-la é necessário o resgate dos aspectos humanos de uma cidade. De uma faixa de pedestre ao grupo de lojas instalado no pé de um edifício, ele precisa estar dedicado ao comportamento e ao fluxo das pessoas.

Cuidado com a história são um dos primeiros elementos de resgate de identidade de uma cidade (crédito: reprodução)

Proteção da história e cultura
Por fim, Fajardo aponta o abandono de muitas riquezas históricas e culturais das cidades. Sobretudo, os centros entregues à sujeira e à degradação. Antes de ser uma cidade inteligente, as cidades precisam resgatar, restaurar e devolver à vida a locais históricos.

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