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O terremoto do audiovisual

Com mercado tenso em função do acórdão 721/2019 do TCU, começa a segunda edição do Rio2C


18 de abril de 2019 - 20h42

(crédito: Steve Collender/iStock)

Este será meu segundo Rio2C, e meu sétimo Rio Content Market, evento que foi incorporado pelo primeiro. E que seja bem-vindo, traga novos ares e inspirações, pois não lembro de ver o mercado tão tenso e carregado como nas últimas semanas.

O terremoto causado pelo acórdão 721/2019 do TCU — que, em última medida, poderia suspender os repasses de recursos para a produção audiovisual —, divulgado extraoficialmente em 29 de março pela mídia, segue causando tremores secundários, e com os geólogos ainda tentando entender o que o causou, ou quando ele vai parar… E nesse meio tempo, os construtores seguem tentando manter em pé os prédios, e seguir construindo as obras já iniciadas. Parece meio pré-apocalíptico, mas a tensão vivida desde o dia 29 tem sido similar a este filme. Se fosse um filme.

Mas… como um otimista por natureza, não vejo o final dos tempos à frente.

Seguindo a metáfora do terremoto, estes grandes eventos sismológicos destroem muita coisa, e podem mudar para sempre a paisagem… Você pode imaginar como foi para a Cordilheira dos Andes se erguer do fundo do oceano? Não deve ter sido suave.

Assim como não controlamos quando um terremoto vai acontecer ou parar, não temos o controle do que exatamente vai acontecer com o desenrolar deste processo. Podemos ajudar, colaborar, pressionar, mas ter o controle do que vai acontecer, não temos. Adoraria que tivéssemos. Mas não temos.

Sendo assim, acho que, além de fazer nossa parte cívica, como agentes legítimos do mercado através de nossas entidades de classe, o melhor que podemos fazer no momento é aprender com este evento. Quais são as grandes lições que tiro disso tudo?

Lição número 1: precisamos informar melhor a sociedade da importância do setor. Boa parte da população acredita que o setor é formado por um bando de malucos, que não produz nada de relevante, e vive de mamar nas tetas do governo. Ignora que o audiovisual é o elemento central de uma indústria que se convencionou ser chamada mundialmente de “Indústria Criativa” e que corresponde, segundo dados da Unesco, a 3% do PIB mundial, e a 1% de todos os empregos. E uma das que mais cresce, com baixíssima emissão de carbono, comparado a outras indústrias. Se existisse o cargo de presidente do mundo todo, e você ocupasse este cargo, você jogaria este naco da economia fora?

Lição número 2: precisamos ser mais unidos enquanto setor. Parece um tanto panfletário, mas acho que precisamos atingir esta maturidade. Temos nossas diferenças, a pluralidade de nossas empresas e talentos são nossa força, não podem ser nossa fraqueza. As diferenças não podem ser maiores do que o entendimento de que se não estivermos unidos, dificilmente iremos superar os obstáculos que estão diante de nós.

Lição número 3: precisamos evoluir nossos modelos de negócio. Sim, nossa indústria vem crescendo a incríveis 8 a 9% ao ano mesmo durante o pior período recessivo de nossa história. Mas não podemos sentar sobre os louros do passado. Todos que fazem isso, sucumbem. O que precisamos mudar em nossas empresas? Como ampliar nossas relações de parcerias? O que faremos para atrair novos investidores para nosso mercado? Quais nossos diferenciais no mercado internacional e como explorá-los?

Lição número 4: a Ancine é NOSSO patrimônio. Sim, há problemas, não são poucos ou de simples solução. Mas entramos nesta crise com a Ancine e sairemos dela juntos. Como nosso patrimônio, temos que olhar e cuidar. É isso que fazemos com nosso patrimônio, certo?

Nunca presenciei um grande terremoto, e espero não passar por esta experiência na vida. Mas você deixaria de viver em São Francisco ou Tóquio por causa dos terremotos? Acho que não, né? São cidades maravilhosas, vibrantes, que aprenderam com os fortes tremores do passado.

Que este Rio2C possa marcar o início da acomodação das placas tectônicas. Bom evento!

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