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Olhando estrategicamente para Propriedade Intelectual


24 de abril de 2019 - 22h19

Sessão de Terapia, versão brasileira da israelense BeTipul (crédito: reprodução)

Propriedade Intelectual. Ou IP, para os íntimos. Conforme o Rio2C 2019 se inicia, uma olhada na programação do evento mostra como este é um tema onipresente, essencial em quase toda discussão ou painel — ainda que raramente lhe deem protagonismo. Falar sobre propriedade intelectual é, contudo, hoje, absolutamente estratégico conforme valorizamos a economia criativa, negociamos projetos com canais, ou debatemos a importância da indústria do entretenimento no Brasil… em um contexto de ataque à produção audiovisual por todos os lados.

O que significa, na prática, olhar para propriedade intelectual de forma estratégica? Em primeiro lugar, considerar que este é um bem a ser explorado em um mercado em expansão, e não o resíduo de algum projeto antigo, já executado. No mercado audiovisual, por exemplo, temos o costume de valorizar a prestação do serviço de produção, a execução física de um projeto que depois será veiculado — e a taxa de administração que cabe à produtora como remuneração. Mas, e o conceito, o formato, a propriedade intelectual sobre a qual todo produto foi desenvolvido?

A exploração de propriedade intelectual, no entanto, não depende apenas do desejo do criador de ver sua criação sendo licenciada mundo afora. É necessário estabelecer processos, canais de venda, catálogos, sistemas de promoção. Todo mercado tem uma linguagem específica, e negociar nossos produtos através dela é essencial para crescer.

Vejam o caso de Israel, um país de apenas 8,8 milhões de habitantes, produtor de séries e formatos originalmente em hebraico. A série BeTipul, com seus episódios filmados sobre o consultório de um psicanalista, certamente foi vendida para mercados internacionais —mas foi seu formato, sua propriedade intelectual que rodou o mundo, seja em sua adaptação americana In Treatment, ou ainda na versão brasileira, Sessão de Terapia, dirigida por Selton Mello. O sucesso americano Homeland, da mesma forma, tem como origem a série israelense Prisoners of War.

Israel não virou referência em séries dramáticas adaptadas mundo afora somente por causa da sofisticação de suas narrativas. Ou de seu valor artístico. Isso aconteceu por causa de uma indústria local que valoriza propriedade intelectual, que investiu na sistematização de seus processos para oferecê-la como produto final, que criou seus canais de promoção e, hoje, se posiciona no mercado internacional como um celeiro de boa ideias… embaladas e prontas para a venda. No caso de Israel, tendo em vista o tamanho reduzido do país, existe uma necessidade de sempre pensar em IP como um produto essencialmente global. Essa é uma estratégica colocada em ação por produtoras do país como a Yes Studios e Spiro Films. Esta mentalidade pode, sem dúvida, ser útil para criadores brasileiros também.

Dando um passo além: marcas trabalham com valores, arquétipos, objetivos e desafios. Em que momento começarão a explorar a propriedade intelectual gerada por suas narrativas?

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