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Onde nascem os gênios?

Quanto mais você juntar temas díspares e tentar entendê-los sob os temas escolhidos, mais você está no caminho para arriscar compreender o mundo louco em que vivemos


24 de abril de 2019 - 12h43

Hoje, os mercados do audiovisual e – por que não? – da comunicação vivem um momento de ruptura profunda (e quando não?). Dúvidas que vão desde o financiamento da ideia, passando por modelos de negócios, canais de distribuição (quantos existem mesmo?!), monetização, algoritmos, personas, o papel da arte, das marcas, dos conteúdos. Ufa! Um sem fim de discussões acaloradas e correntes de opiniões que levam você de um lado ao outro no meio da enxurrada de informações.

A importância de festivais como o Rio2C é a tentativa de reunir, no mesmo lugar, em um curto espaço de tempo, pessoas dispostas a discutir premissas e realizar negócios. Um intensivo de ideias, pitchs, caminhos e discussões baseadas em planilhas de Excel que tenta capturar o zeitgeist (espírito da época).

Olhando a programação, dividi o que eu quero assistir em três temas (que não seguem uma lógica fluida): “propriedade intelectual”, “formatos” e “como uma ideia vira um hit”.

Você escolhe temas para fugir do FoMO (fearing of missing out) e para construir uma visão própria do todo. E, não necessariamente, as palestras têm que ser as óbvias. Quanto mais você juntar temas díspares e tentar entendê-los sob os temas escolhidos, mais você está no caminho para arriscar compreender o mundo louco em que vivemos.

Como funciona?
Gosto de frequentar os festivais de tendências e enxergar os conteúdos de forma transitiva (conteúdos que transitam em vários temas). Dentro das minhas escolhas, “mobilidade” é um tema que se encaixa em formato e em hit, por exemplo. A discussão da propriedade intelectual está mais desenvolvida na música do que nos canais de YouTube – e olha que, hoje, as novas leis de PI são a grande discussão do mundo digital. Como transitar do mercado da música para o mercado audiovisual?

A ideia é tentar capturar uma tendência em um assunto e transferir para outro. Essa mistura é o grande barato destes festivais. A lógica transitiva é que faz você sair da zona de conforto.

Existem pessoas que conseguiram fazer isso bem. Quando Grey’s Anatomy estreou há 14 anos, Shonda Rhimes e a ABC entenderam questões de raça e de gênero antes de elas virarem pauta. E fica a dúvida: o quanto a Shonda bebeu da fonte e o quanto ela contribuiu para a fonte ser abundante? Vem ao caso? O que importa é que, hoje, são temas que perpassam séries, músicas, conteúdos, discussões e ideias (e, como são temas caros à humanidade, ainda bem!).

E será que naquele momento eles perceberam o tal zeitgeist?

Fica o papo com um grande amigo meu, o Antonio Tibau, que trouxe uma vez para a discussão o livro Onde Nascem os Gênios (editado pela ótima Darkside). A ideia básica é que o ecossistema favorece o nascimento de ideias inovadoras. Gente pensando em coisas diferentes no mesmo lugar. Foi assim em Atenas, na Grécia Antiga; na Viena da virada do século XIX para o XX, na Florença renascentista e no Vale do Silício: São Francisco e seus cafés com WiFi livre antes do mundo compartilhar redes. Uma tentativa de entender a conexão entre o ambiente e o surgimento de gênios que mudaram o mundo.

Festivais são pequenas incubadoras de desconforto. Pequenos ecossistemas de discussão. Pequenos compartilhamentos de rede. Tem uma frase do Stephen Hawking que eu gosto muito: “a inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança”. E a porrada é boa quando você vê um monte de gente falando de diferentes mudanças em um curto espaço de tempo.

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