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“Audiovisual não morreu, mas respiramos por aparelhos”

Lais Bodanzky, uma das homenageadas na abertura do Rio2C, alertou o mercado para momento delicado do setor com suspensão de repasses da Ancine

Teresa Levin
24 de abril de 2019 - 8h08

Laís Bodanzky alertou para o momento complicado do audiovisual ao receber seu prêmio (Crédito: Teresa Levin)

“Peço licença para fazer um ato simbólico e colocar essa faixa preta no braço. O setor audiovisual não está em festa, mas nossa produção está”, disse emocionada Laís Bodanzky, ao receber o prêmio Mulher no Audiovisual, na abertura do Rio2C. A noite de terça-feira, 23, que marcou a estreia desta edição do evento, foi um momento de celebração, com o lançamento do Prêmio da Indústria Criativa pela organização da conferência, mas, principalmente, de alerta para o que está acontecendo hoje no audiovisual brasileiro. Em um discurso contundente, Laís, que  também é presidente do Spcine, conclamou os participantes do Rio2C a usarem fitas pretas no braço simbolizando o prejuízo ao setor que é a suspensão de repasses para produções nacionais pela Ancine, após um acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) ter apontado irregularidades na prestação de contas da entidade que fomenta o audiovisual nacional.

 “É necessária a retomada do diálogo com o setor, respeitar a quantidade de empregos gerados, a atividade não pode ser interrompida”, frisou Laís. Ela fez uma comparação para que a sociedade compreenda a gravidade do cenário atual após a decisão da Ancine baseada na determinação do TCU. “É o mesmo que o TCU chegar para a Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, e falar que a prestação de contas da Tam e da Gol não está correta e que, até resolverem novas regras, nenhum avião levanta voo no Brasil”, alertou. Desde que a Ancine suspendeu o repasse de verbas na quinta-feira, 18, nenhuma produção brasileira pode ter acesso a seus recursos públicos. “E que estão definidos por lei, são de direito. A Condecine e o FSA são feitos para incentivar o setor. Se estamos aqui hoje, é graças à política pública que tem que ser continuada e não pode ser interrompida”, frisou.

 Para ressaltar o quão importante é o audiovisual para o País, ela lembrou que a economia criativa cresce há dez anos, mesmo em época de crise, gerando empregos diretos e indiretos, sendo responsável por pelo menos 2% do PIB,  que representa um tamanho tão grande quanto as indústrias farmacêutica ou têxtil. “Com minha nova posição eu tenho acesso a números e, dentro de uma pesquisa do Sebrae, descobri que o carro chefe da economia criativa é o audiovisual, é o que alavanca mais. São números importantes, temos hoje sete filmes brasileiros em competição no Festival de Cannes”, apontou, lembrando ainda que a presença destas produções no festival francês é fruto de anos de investimento. “E mesmo assim a Apex interrompeu o patrocínio do nosso estande brasileiro neste que é nosso principal mercado. A Spcine e um produtor que não quer se identificar garantiram nossa presença lá”, falou.

 Antes de Laís, Mauro Garcia, presidente da Brasil Audiovisual Independente (Bravi), já tinha aproveitado seu discurso para destacar a importância do setor e dos investimentos oriundos da política pública voltada para seu crescimento. Ele comanda a entidade que surgiu há 20 anos para reunir produtores independentes e, hoje, está em 21 unidades da federação e conta com mais de  600 associados. “Em uma missão especial, com outras entidades, obtivemos o marco inquestionável da Lei 12485. Geramos a criação de canais brasileiros independentes e a maior conquista foi a propriedade intelectual da obra pertencente ao produtor. Aliado a isso, as Condecines geraram um crescimento geométrico do FSA. Mecanismos de fomento e investimento se multiplicaram pelo País”, disse, citando a lei que determinou a presença de cotas de produção nacional na TV por assinatura. Mauro lembrou, ainda, que as séries nacionais são campeãs de audiência no Brasil mas que o limite para a conquista de públicos não é territorial. “Vamos buscar novas audiências globais, sem abrir mão de conquistar para produtores independentes a propriedade intelectual e a participação na rentabilidade das obras”, falou, conclamando o público a usar a hashtag culturaacimadetudo.

 A premiação lançada pelo Rio2C é voltada para homenagear a indústria criativa e na edição de estreia agraciou a produção independente. Além de Laís, foram premiados os seguintes profissionais, produções e empresas:

Roteiro

Flavia Lins (DPA)

Trilha Sonora

Lucas Marcier e Fabiano Krieger (Rua Augusta)

 Edição

Natara Ney (Lama dos Dias)

 Direção de Arte

Fernando Zuccolotto (Drag Me As a Queen)

Direção de Fotografia

Andrá Horta e Rodrigo Monte (Magnífica 70)

 Ator

Julio Andrade (Sob Pressão e 1 Contra Todos)

Atriz

Simone Spoladore (Magnífica 70)

Apresentador

Lázaro Ramos (Espelho)

Direção

René Sampaio e Tomas Portella (Impuros)

Destaque Especial

Panorâmica

Série de Conteúdo Infantil

Escola de Gênios (Mixer)

Telefilme

Império da Beleza (Movioca Content House)

Programa de Variedade

Filosofia e Música (Cine Group)

Série Factual/ Reality

Drag Me as a Queen (Movioca Content House)

Documentário

As Canções da Minha Vida (Raccord Produções)

Série Documental

De Carona com os Óvnis (Clip Produtora)

Série de Animação

Irmão do Jorel (Copa Studio)

Série de Ficção

Rua Augusta (O2 Filmes)

Melhor Vídeo Clipe

BluesMan (Baco Exu do Blues)

Audiência Global

Boutique Filmes por 3%

 

 

 

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