A força econômica do audiovisual
Setor movimenta mais de R$ 20 bilhões, gera empregos diretos e indiretos, e a cada R$ 1 investido, temos um retorno de R$ 2,60 em tributos
Setor movimenta mais de R$ 20 bilhões, gera empregos diretos e indiretos, e a cada R$ 1 investido, temos um retorno de R$ 2,60 em tributos
25 de abril de 2019 - 13h12
O Audiovisual é uma das atividades econômicas mais estruturadas da indústria criativa. Corresponde à movimentação de mais de R$ 20 bilhões por ano e 1,67 % do PIB. Gera empregos diretos e indiretos, e a cada R$ 1 investido temos um retorno de R$ 2,60 em tributos. O crescimento da atividade é de 7% ao ano nos últimos seis anos. Um crescimento chinês num país que vive sua maior crise econômica da historia.
Esse resultado é fruto de um planejamento estruturado de políticas para o desenvolvimento do setor. Temos uma Agência reguladora, a Ancine, e um Conselho Superior de Cinema e um Fundo Setorial que movimenta mais de R$ 800 milhões por ano. Dinheiro este que é erroneamente divulgado como dinheiro público, pois a fonte de receitas vem da taxa de Condecine, uma contribuição para o desenvolvimento do cinema, como significa a sua sigla. Valores pagos pelos setor que legalmente deve ser usado para o fomento do setor. Ou seja, a atividade tem uma organização que se auto alimenta.
Essa mudança na Lei Rouanet, com uma queda de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão deve ser observada com atenção. Primeiro devemos entender que um projeto audiovisual, tem um ciclo médio de dois a quatro anos desde o seu desenvolvimento até a exibição. Um longa metragem é considerado de “Baixo Orçamento” no valor de R$ 1,8 milhão. Uma produtora para se manter precisa ter vários projetos, nas mais diversas etapas. Para isso precisa captar três ou quatro filmes. Esse seria o perfil de uma produtora pequena com perfil de fazer quatro filmes de BO. Para isso ela necessita ter um teto de captação de R$ 7,2 milhões. Com a nova lei ela teria R$ 1 milhão?
Este pequeno exemplo mostra que essa redução na Lei Rouanet irá exterminar a produção audiovisual. Conseguiremos produzir apenas algum tipo de documentário e curta metragens. Será inviabilizada qualquer produção média ou grande, deixando o povo brasileiro refém e obrigado a consumir os enlatados e blockbusters americanos. Toda a conquista do audiovisual vai ser destruída e perderemos uma soberania cultural. Acredito que essa posição deva ser revista, pois quem esta colocando isso não entende os detalhes das atividade audiovisual ou simplesmente quer exterminar esse setor da economia. Desejo que o bom senso e os números prevaleçam nos próximos capítulos.
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