Meio&Mensagem

Bárbara Sacchitiello
25 de abril de 2019 - 6h00

Série Pico da Neblina abordará o tema da legalização da maconha (Crédito: Ariela Bueno/Divulgação)

Emplacar um projeto na HBO é o sonho de todo roteirista e produtor. Ao menos, foi isso que afirmaram alguns dos nomes da área que já tiveram suas ideias selecionadas para fazer parte do canal. A mais nova a ingressar nesse time é a diretora Vera Egito, da Paranoid, que confessou uma paixão antiga com o canal. “Quando ia prestar vestibular já acompanhava as produções e pensava se algum dia iria conseguir emplacar algo na HBO”, relembra a profissional.

O anseio de Vera começará a ganhar corpo a partir de agora. Junto com o cineasta Daniel Ribeiro, diretor do longa Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, a profissional desenvolveu a ideia apresentada no Rio2C como um dos novos projetos da HBO para o mercado brasileiro: a série Todxs, que mostrará a rotina de três amigos, sendo que um deles se identifica como não-binário (nem do gênero masculino e nem do feminino). O título ainda é provisório e a série será também produzida pela Coiote, de Gil Ribeiro.

“A ideia era termos uma série jovem e aí pensamos nesse enredo com três amigos, com essa questão da pessoa não binária entre eles. O tema da identidade de gênero é algo super atual e inserimos isso em um contexto de comédia dramática, que é um estilo do qual gosto muito”, conta Vera Egito.

A ideia agradou tanto à HBO que, em cinco minutos, os executivos compraram a ideia da produção, conforme contou Roberto Rios, vice-presidente corporativo de produções originais da HBO Latin America. Há quase 25 anos, Rios foi o primeiro profissional a iniciar os trabalhos da rede de TV no Brasil, que, pelos anos seguintes, teria a coprodução  como um de seus principais modelos de negócio para a produção de séries e conteúdo?

Mas que tipo de projeto tem chance de agradar a HBO? De acordo com Rios, o canal sempre foi aberto a diferentes abordagens do universo brasileiro, como Filhos do Carnaval, feita em 2006 em parceria com a O2; Alice, desenvolvida em 2008 com a Gulane e O Negócio, que aborda o universo da prostituição de luxo, uma produção dirigida por Michel Tickhomiroff, da Mixer.

De acordo com o executivo do canal, a maneira como as produtoras apresentam os projetos também torna mais fácil a aceitação do projeto. Foi a empolgação do diretor Quico Meirelles, da O2 Filmes, aliada ao roteiro inusitado que fez a HBO comprar a ideia de Pico da Neblina, série nacional anunciada na edição do ano passado da Rio2C e que, agora, foi confirmada como um dos destaques da grade de 2019. “Quando pensamos em um roteiro que abordava o negócio da maconha em São Paulo e que se passava em um bairro periférico que é pouco retratado de forma não estereotipada, pensamos que a HBO seria o único canal a aceitar ouvir nossa ideia”, brinca Meirelles.

A série, inclusive, é uma das produções nacionais apresentadas pelo canal para a grade deste ano, ao lado de Santos Dumont, dirigida por Fernando Acquarone e Estevão Ciavata. Outras séries anunciadas para a grade de 2019 são Hóspede Americano, baseada no episódio real da visita do então presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, à Rondônia, em 1913, coproduzida com a Cygnus Media; Hard, desenvolvida com a Gullane, além das novas temporadas de Psi e Vida Secreta dos Casais.

Para produzir conteúdos que agradem a audiência, no entanto, o canal e seus parceiros apontam que é necessário um equilíbrio em toda a cadeia da produção, principalmente entre o produtor e o diretor daquele conteúdo. “O papel do produtor começa com a missão de encontrar um projeto com o qual ele se identifique. A partir daí, junto ao diretor, eles vão tentando equilibrar as questões financeiras de produção com os anseios artísticos da direção para saber em quais capítulos, por exemplo, será necessário investir mais dinheiro e mais energia”, pontuou Andrea Barata Ribeiro, sócia-fundadora da O2 e também parceria de coprodução do canal.