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Como o SXSW foi de punks a executivos, segundo cofundador

Louis Black, cofundador do SXSW, destacou a importância de empoderar comunidades locais durante um painel do Rio2C

Karina Balan Julio
25 de abril de 2019 - 16h02

Louis Black, fundador do SXSW (crédito: André Valentim)

A programação de quinta-feira, 25, do Rio2C, trouxe um dos fundadores do South By Southwest, o cineasta Louis Black. Ele, que também é um dos fundadores do tabloide semanal americano The Austin Chronicle, relembrou o início do festival, que acontece desde 1987 em Austin, no Texas (EUA). Com a proposta inicial de conectar músicos do estado do Texas, o festival foi aos poucos expandindo sua atuação para o cinema até se tornar um evento multidisciplinar que abarca tecnologia, inovação e humanidades.

Black acredita que foi a capacidade de catalizar movimentos culturais que levou o SXSW ao patamar de hoje, sendo, capaz de atrair desde os punks até os altos executivos de empresas. Com uma ligação emocional com o Brasil – seu pai veio morar no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial -, Louis acredita que o Rio é um polo criativo tão forte quanto Austin. “Desde jovem, vejo o Rio de Janeiro como uma referência de cultura. Adoro esta cidade e a comunidade local”, disse durante a conversa com Rafael Lazarini, criador do Rio2C.  Também comentou sobre o potencial transformador de comunidades locais e sobre o aspecto criativo da cidade de Austin. Vejas os destaques da conversa abaixo.

O começo do SXSW
“O evento começou com quatro amigos sentados em uma mesa, conversando. Éramos quatro punks interessados apenas em fazer música, filmes e arte. Queríamos fazer um pequeno festival regional para os músicos do estado do Texas se conhecerem. Isto era antes da época dos celulares, então era muito mais difícil conhecer e encontrar as pessoas. Esperávamos em torno de 300 pessoas e  vieram 700, e no ano seguinte vieram mil, e assim por diante. No fim, acabamos trazendo o mundo todo para o Texas. Gosto de imaginar que as pessoas que vão ao evento voltam inspiradas a seus escritórios, estúdios e garagens na segunda-feira após o evento, sentindo-se animadas com o que viram e capazes de criar coisas novas”.

Audiência como conceito
“Todos os fundadores são veteranos do punk, e para os punks não há diferença entre quem está no palco ou na platéia, exceto pela altura do palco. Da mesma forma, acreditávamos que não há diferença entre quem faz ou consome filmes, música e tecnologia”.

Evolução do evento
“Quando estou no SXSW, sinto que existe a mesma energia vibrante que existia no começo. As pessoas vão até Austin não só por conta do churrasco, das bandas e dos palestrantes, mas para encontrar uns aos outros e porque há coisas únicas sendo propostas por visionários e profissionais criativos e de negócios. As primeiras pessoas de empresas que iam ao evento eram de níveis mais baixo, até que os altos executivos começaram a frequentar o evento. Nada do que aconteceu foi intencional. Quando vimos, álbuns de bandas passaram a ser lançados em março, diretores passaram a fazer a première de seus filmes no evento e tudo mudou”.

Empoderamento pela cultura
“A cultura não é algo manufaturado por pessoas ricas de Nova York ou Los Angeles, mas por pessoas comuns que se conectam para criar alguma coisa. Não vivemos em um momento político muito bom, e por isso a cultura tem que falar pelas pessoas e precisa ser independente. Ela possibilita que pessoas criem soluções para as coisas, porque acho que governos não são espertos o suficiente para realmente entender o que está acontecendo com o mundo”.

Austin como polo criativo
“Venha a Austin durante qualquer dia do ano e verá que o clima é o mesmo do SXSW, mas em menor escala. O SXSW é apenas um amplificador do que já acontece na cidade. Em Austin, as pessoas cooperam: em outros lugares, talvez as pessoas achem que precisam cortar a garganta umas das outras para serem bem-sucedidas e, em Austin, as pessoas ficam genuinamente felizes quando outras conseguem algo. Para se ter ideia, os diretores e produtores de cinema locais criaram um fundo há muito tempo atrás para ajudar a novos criadores a fazerem seus próprios conteúdos. Sem querer, isso nos deu algumas gerações de diretores bem-sucedidos que são da cidade, como Richard Linklater e Robert Rodriguez”.

 

 

 

 

 

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