Quanto vale uma ideia genial?
Ela vem de onde menos se espera, quando menos se espera. Não adianta torcer o cérebro tentando extrair uma gota de criatividade
Ela vem de onde menos se espera, quando menos se espera. Não adianta torcer o cérebro tentando extrair uma gota de criatividade
27 de abril de 2019 - 17h09
Estamos todos em busca daquela ideia matadora. É por isso que queremos cada vez mais entender o consumidor, destrinchar os milhares de números que invadem planilhas de Inteligência, olhar o mercado e o mundo, e tentar tirar dali uma fagulha de inspiração. Ela vem de onde menos se espera, quando menos se espera. Não adianta torcer o cérebro tentando extrair uma gota de criatividade, porque nem sempre ela está dentro de nós. Está do lado de fora, está na troca, na observação da vida, naquela folha cheia de rascunhos.
Assisti a uma palestra sobre “Cérebro e Criatividade”, na qual, disseram que “quanto maior seu repertório, maior sua capacidade de gerar combinações não-óbvias”. Nesse processo, a colaboração e o tempo são essenciais. O tempo é cada vez mais escasso, mas, ainda assim, indispensável para estabelecer trocas e para buscar inspiração. Vivemos no eterno ringue entre criatividade e tempo, onde a ideia criativa é apenas uma consequência. Nessa palestra destacaram ser primordial ter tempo suficiente para entrar num estado não-óbvio, já que, primeiro é necessário esgotar o óbvio existente na sua mente.
Nas mídias digitais, o volume de produção de conteúdo é enorme e a frequência é diária. No Digital, todos podem ser produtores de conteúdo, e esse número cresce exponencialmente. Todos sonham com milhões de compartilhamentos e, consequentemente, maior engajamento com a marca. Até, finalmente, chegar a uma ideia, você fez tudo certo: traçou uma estratégia, um plano, e aquela campanha ou aquele conteúdo está pronto e você publica. Pode ser um sucesso ou um completo flop, mesmo que a ideia seja genial. Não há garantias, apenas expectativas. O simples fato de alguém lançar uma campanha ou um vídeo no mesmo dia em que você – ou qualquer outro fator externo inesperado – é o suficiente para atrapalhar a performance daquela sua ação.
Se isso acontecer, seu pós-venda fica #chateado e você pensa “foi um erro?” A resposta é “não”. É o risco que corremos. Às vezes, aquele projeto pode ter sido lançado nas condições ideais de temperatura e pressão, mas simplesmente “não rolou”. A ideia que você achava ser genial, de repente não era tanto assim ou você pode ter mirado o público errado. Novamente, podemos nos perguntar: Foi um erro? É possível que sim. E fico muito aliviada quando vejo empresas contando que encaram o erro como um aprendizado, uma vez que é possível extrair o que há de melhor dali.
O medo da repreensão é outro inimigo da criatividade e da inovação. Para o bem do próprio cérebro e para manter sua plasticidade, fazer algo diferente e encarar o novo é fundamental. Inevitavelmente, com isso você está mais sujeito ao erro. Nossa tendência é sempre repetir padrões, mas é importante não cair no hábito.
Em outra palestra, falaram que as marcas deveriam “prototipar conteúdo”. Achei superinteressante, pois, até então, eu só havia prototipado games, sites e apps para crianças. Fazer pequeno, testar e ampliar. Errar, aprender, fazer diferente. Agora, vamos aplicar isso a conteúdos para o digital!
A moral da história é que uma ideia genial pode gerar resultados com um valor alto para uma marca, mas na sua essência, na sua origem, ela não tem preço. Ela está por aí, está na conversa, no “olhar para o outro”, no estímulo ao cérebro, andando ao seu lado. O desafio que nos cabe é percebê-la e dar a mão a ela, ciente de que tanto faz se há risco ou possibilidade de erro. O importante é fazer.
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