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Avatares: influência, automação e diversidade

À medida que ganham força na estratégia de marcas e criadores de conteúdo, criação de personas virtuais enfrenta falta de acessibilidade e mira conexão emocional

Taís Farias
27 de abril de 2022 - 13h14

No fim do ano passado, um relatório desenvolvido pela HypeAuditor apontou que os influenciadores virtuais, personas criadas a partir de modelagem 3D e inteligência artificial, rendem três vezes mais engajamento que influenciadores reais nas redes sociais. O mesmo estudo também revelou que o Brasil está em segundo lugar na lista de audiência dos influenciadores virtuais, abaixo somente dos Estados Unidos, com 23%. Uma projeção da Forbes estimou que, nos últimos anos, o setor movimentou de R$ 10 a R$ 25 bilhões.

Lu apresentou seis ritmos na Super Dança dos Famosos (Crédito: divulgação)

Ainda que a ideia de substituir influenciadores reais por virtuais esteja longe das ambições das companhias, é inegável o crescimento das personas digitais e de sua atuação junto às marcas. À frente de um dos principais cases nacionais de influência virtual – a Lu, do Magalu – Pedro Octavio Alvim, gerente sênior de redes sociais da varejista, aponta a capacidade de uma relação direta com a marca como uma das vantagens do trabalho com personas digitais.

Nesse sentido, a Lu poderia estrelar campanhas de diversas marcas e, ainda assim, seria relacionada ao Magalu. Ele também destaca que não há a intenção de simular uma realidade e que a marca faz questão de ressaltar que a Lu é uma personagem virtual. “Usamos muito essas fraquezas da personagem para construir empatia cognitiva e emocional”, contou Pedro. Ao mesmo tempo, a companhia vem investindo na realidade mista, em que a personagem digital interage com o mundo real. Exemplo dessa aposta é a campanha de chegada do Magalu ao Rio de Janeira que apresentou Lu dançando com Anitta.

O gerente sênior de redes sociais do Magalu, no entanto, relata que os influenciadores virtuais ainda não são uma estratégia acessível. “O custo de produção 3D ainda não é muito democrático. Ainda tem muitos desafios para quem trabalha com influenciadores virtuais e quer ganhar um nível de sofisticação”, acrescentou Pedro.

Storytelling e diversidade

Ricardo Tavares, CEO da Biobots, startup de criação, produção e desenvolvimento de produtos digitais responsável por projetos como o da influencer virtual Satiko, inspirada em Sabrina Sato, explica que parte dessa dificuldade no acesso se dá pelo fato de que o processo de criação de um avatar exige tempo e dedicação de uma grande equipe. “Para montar um avatar, é preciso de seis a sete profissionais”, disse o CEO da Biobots. Já a Lu, hoje, tem uma equipe de 15 pessoas cuidando de sua carreira.

Ele também alerta as marcas que pensam em investir: “Muitas pessoas querem estar nesse movimento, mas o storytelling é tão importante quanto a marca. É preciso ter muita responsabilidade na mensagem que passamos”, defendeu Ricardo.

Nesse sentido, Pedro Alvim destaca a importância da diversidade entre as pessoas que trabalham na construção desses influenciadores e conta que metade das lideranças por trás da Lu são mulheres. “Não podemos repetir os nossos erros se estamos tendo a possibilidade de criar novas realidades”, afirmou. “Quem trabalha nesse mercado, tem também que olhar para representatividade na construção desses personagens. Precisamos começar a construir brasilidade dentro desses avatares”, concluiu, citando personagens como a Nat, de Natura, que é uma mulher negra, e Dai, de Dailus, uma mulher gorda, que assume a causa body positive.

“A tendência é que as pessoas passem a ter relacionamento emocional com os seus avatares”, projetou o CEO da Biobots. Para ele, no futuro, quando partirmos, os avatares continuarão interagindo com os familiares.

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