A reinvenção das novelas no streaming
Com Raphael Montes e Silvio de Abreu, HBO Max produz sua primeira atração do gênero e aposta na força da identificação
Com Raphael Montes e Silvio de Abreu, HBO Max produz sua primeira atração do gênero e aposta na força da identificação
Taís Farias
28 de abril de 2022 - 13h33
Em novembro do ano passado, a HBO Brasil anunciou a chegada de Raphael Montes, o roteirista e escritor por trás de títulos como Bom Dia Verônica e A Menina que Matou os Pais/O Menino que Matou meus pais, como o titular do primeiro projeto de novela para seu streaming, o HBO Max. Além de Raphael, a HBO investiu em outro nome de peso para apoiar sua entrada no gênero: Silvio de Abreu. Após 42 anos na Globo, onde por seis respondeu como diretor de teledramaturgia, o autor assumiu o desafio de criação das chamadas teleséries para o catálogo da plataforma.
O termo teleséries, inclusive, foi o escolhido pela companhia para nomear o núcleo responsável por esse híbrido. “Para o público, de fato, é uma novela”, esclarece Monica Albuquerque, head de gestão de talentos e desenvolvimento de teleséries da Warner Bros Discovery Latin America. No entanto, existem algumas diferenças nesse modelo em formação. O primeiro deles e um dos mais sensíveis é que, no streaming, para HBO Max, as novelas serão mais curtas. A ideia é que as produções tenham de 40 a 50 capítulos. Ainda assim, diferente das séries, as obras começarão a ser gravadas enquanto ainda estão sendo escritas..
“Isso respeita uma base de modelo de produção de novela, que nos interessa”, relata Monica. Raphael destaca pontas como a falta de reiteração. Isso porque, como o conteúdo é mais curto, não é preciso repetir as informações da trama, como é feito nas novelas. Ele também leva consigo a premissa de unidade temática, que está presente em atrações mais curtas. “Esse tipo de inovação e diálogo é o que vamos conseguir fazer nas novelas para o streaming”, conta o escritor e roteirista.
Segundas Intenções, telesérie de Montes para o HBO Max, tem como tema o universo da beleza, as cirurgias plásticas e tratamentos estéticos, assim como a luta por justiça. Nessa semana, a equipe começa o processo de leitura e a produção deve ter início em julho. A head de gestão de talentos e desenvolvimento de teleséries da Warner Bros Discovery Latin America descreve o gênero do melodrama como estratégico para companhia. Além de seu desempenho na América Latina, a empresa aposta na capacidade do modelo de “viajar”, fazendo sucesso em outros países. Um exemplo citado é o das produções hispânicas nas plataformas de streaming.
“O melodrama tem essa força por conta da proposta psicológica que traz. A estrutura permite que muita gente consiga encontrar identificação em núcleos distintos”, opina Monica. Nesta etapa, a HBO Max está trabalhando no desenvolvimento de texto. Além de Segundas Intenções, a companhia está trabalhando em uma releitura de Dona Beija, novela original da TV Manchete. Já na Argentina, há uma novela infanto-juvenil sendo escrita por Cris Morena, autora de títulos como Rebeldes e Chiquititas.
Para dar vida a esses textos, a companhia aposta em uma estratégia de elenco também híbrida. “Nos conteúdos que vamos desenvolver, a audiência vai encontrar seus atores conhecidos e também conhecer novos rostos”, conta Monica, citando nomes como Antônio Fagundes, Camila Pitanga, Daniel Oliveira, Alice Wegmann e Reynaldo Gianecchini.
Nesse sentido, para HBO, esse é o momento de recriar o gênero. “Temos um momento em que o mercado precisa e deve se reinventar”, define a executiva da plataforma.
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