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“Olha o que ele fez!”: Galvão, Copas e memórias

Voz das Copas do Mundo na Globo, Galvão fala sobre sua despedida no Catar, o sonho de narrar o hexa e a trajetória de décadas liderando a torcida brasileira

Bárbara Sacchitiello
29 de abril de 2022 - 16h44

Renato Ribeiro, Renata Silveira e Galvão Bueno durante painel no Rio2C (Crédito: Bárbara Scchitiello)

Em 1974, ao narrar sua primeira Copa do Mundo, no rádio, Galvão Bueno fez a lição de casa para chegar preparado à transmissão: estudou a escalação e o estilo de jogo de Suécia e Bulgária, que disputariam a partida. Assim que o jogo começou, o narrador, ainda novato, começou, atento, a descrever os lances da seleção de camisa amarela, acreditando que estava narrando uma jogada da Suécia. Até olhar no placar da televisão e perceber que, na verdade, estava narrando o jogo entre Alemanha Oriental e Austrália, e que tinha estudo e se preparado para a partida errada.

Galvão contou essa história no palco do Rio2C, nesta sexta-feira, 29, como um dos momentos que marcaram uma trajetória de quem já tem 12 Copas do Mundo na bagagem e, por isso, aprendeu bem a lidar com as gafes e percalços do caminho. 

Apesar da experiência, o veterano não esconde que o Mundial do Catar, que ele narrará a partir de 21 de novembro, terá um gosto diferente. A Copa será o último trabalho que Galvão fará como contratado da Globo. Após isso, ele deve deixar as narrações na TV, que tem sido sua jornada há mais de quatro décadas. “Não sei como vou me sentir. Ainda tenho oito meses pela frente. Mas serão oito meses de muita curtição, muito preparo. Vou estar com 41 anos de Globo, 48 anos de televisão e de profissão, fazendo minha 13ª Copa do Mundo, a décima final de Copa do Mundo e inteiramente realizado como profissional”, revelou no palco do evento. “A Globo é minha casa, minha família, minha vida. A Copa do Mundo é um momento espetacular e aprendi na Globo, com a dramaturgia, com o entretenimento e, sobretudo, com o esporte, que a gente entrega brasilidade”, completou.

Meme do “É Tetra”
Ao lado de Renato Ribeiro, diretor de esportes da Globo, Galvão recordou alguns momentos marcantes de sua história nas Copas do Mundo, como o memorável grito do “É tetra”, que bradou ao final da disputa de pênaltis entre Brasil e Itália, em 1994, nos Estados Unidos, e que se tornou um bordão de celebração para qualquer tipo de conquista ou momento feliz. “Sempre lembro ao Arnaldo que a gente só apareceu no mundo inteiro porque estávamos de papagaio de pirata do Pelé. Foi um meme, né? Como que chamava na época, isso?”, questionou à plateia.

O narrador destacou que, para transmitir um jogo, é necessária uma preparação parecida com a de quem defende o time em campo. Segundo ele, é preciso estar bem fisicamente e mentalmente, e estudar a fundo o assunto e aquilo que será narrado. E revelou mais uma curiosidade dos bastidores de tantas transmissões que fez ao longo dos anos: “O Arnaldo (César Coelho) ficava sempre me olhando antes das transmissões e, se eu estivesse muito calmo, ele arrumava qualquer motivo para discutir comigo. Dizia que era para a adrenalina subir”, contou.

Copa do Catar
Renato Ribeiro também conversou, no palco do Rio2C, com Renata Silveira, que quebrará um paradigma no Catar. Ela será a primeira mulher a narrar um jogo de Copa do Mundo, no Brasil, em uma emissora aberta. Segundo ela, a parte mais legal dessa trajetória é saber que, ao mesmo tempo em que atinge esse patamar profissional, acaba servindo de inspiração para as meninas.”

“Nunca tinha pensado em me tornar narradora de TV provavelmente porque não cresci vendo uma mulher narrando jogos. Minhas referências de mulheres eram em reportagens e como apresentadoras, Agora, as meninas podem ligar a TV e ouvir uma voz feminina em uma área que faltava, a da narração. Isso que me motiva a continuar”, celebrou.

Renata fará parte do time de narradores da Globo na TV aberta e, junto com o Galvão e outros membros da equipe esportiva, apresentarão ao vivo 56 do 64 jogos do Mundial. Já o SporTV, que detém os direitos na TV paga, exibirá todos os jogos da Copa do Catar, além de uma programação especial com debates e análises das partidas e seleções. Segundo Renato Ribeiro, 80 profissionais serão enviados ao Catar para a cobertura.

Para o Globoplay, o diretor anunciou uma novidade: Tiago Leifert retorna ao esporte da Globo para fazer uma transmissão alternativa na plataforma de streaming. “Quando anunciei minha despedida no programa da Ana Maria Braga, no ano passado, disse que poderia voltar a qualquer momento. E agora estou de volta”, celebrou o apresentador, em um um vídeo exibido durante a apresentação.

Leifert narrará um jogo da Copa do Mundo por dia na plataforma e o acesso ao conteúdo será liberado também para não-assinantes.

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